TÁ RUIM, MAS TÁ BOM

 

Tá na cara que meu pai gosta mais dela do que de mim ou não dizia que eu sou isso, que eu sou aquilo e tudo o que eu faço é ruim, está mal feito ou não presta. Isso quando não ignora a minha presença ou as perguntas que eu faço.  À minha irmã ele trata com mais carinho e se ela faz coisa errada ele finge não vê.  Até dar em cima dos garotos ela dá e ele não está nem aí, enquanto eu, nem olhar para lado eu olho para ele não fazer cara feia.  Por mim o meu pai viveria de porre, pois quando ele bebe se torna outra pessoa; me pega no colo, me beija às bochechas e até me dá coisas que não preciso. Esses momentos são os melhores da minha vida, principalmente quando fala que o meu nascimento não foi consequência de um ato casual, mas resultado do seu amor por mamãe.  Por isso gosto tanto de vê-lo daquele jeito, mesmo sabendo que aquilo acaba com a sua saúde.  E por paradoxal que possa parecer, o meu pai fica melhor quando piora. Pelo menos pra mim.  Quando ele está bom, quer dizer, quando está bêbado, me faz acreditar que sou mais inteligente do que as outras meninas.  Que sou mais bonita do que minha irmã que é mais alta, mais magra e até peito igual pera ela tem enquanto o meu não passa de pequenos limões.  Talvez me fale essas coisas porque pego as coisas mais rápido enquanto ela, que tem a bunda puxada pra nuca, não tem nariz pontudo e pernas tão grossas quanto as minhas, precisa de tempo para pensar, não que seja retardada, mas anda atrasada no tempo. Aliás eu nem deveria falar essas coisas porque se ela não me desse as roupas que já não cabem mais nela, os sapatos que ficaram apertado em seus pés e os sutiãs que se tornaram pequenos para os peitos que tem  eu estaria  nua enquanto as roupas mofavam num canto por aí. Por isso eu gosto tanto dela, só não concordo com o ciúme que tem dos garotos com quem teria ficado e seu me atrevo a falar com qualquer um ela me arranca os cabelos, como ontem, quando desisti da farmácia porque um deles jogava futevôlei perto de casa. Na hora que o vi sem camisa e com as coxas de fora eu senti uma coisa que nunca havia sentido, tipo, endurecimento dos mamilos e um fogo me lambendo por dentro.  Por isso voltei. Não por medo da minha irmã, só que parei quando o infeliz gritou meu nome.  O que ele me falou eu não sei porque aquele cheiro de suor e ele ali, a um palmo de mim, tirou a minha razão, foi como se jogasse lenha na minha fogueira. A meleca é que papai nos viu e, claro, correu pra contar, adivinha pra quem? Pra minha irmãzinha que entre outras barbaridades me disse que até seus namorados eu queria. 
– Não bastam as roupas e os sapatos que toma de mim e agora quer os namorados também? – Falou babando com as mãos na cintura. – Gente eu só pego essas coisas porque não servem mais nela e mamãe me dá pra usar.

Eu jamais esqueci aquele momento e talvez por conta disso eu tivesse engravidado, não do gato que jogava futevôlei, mas do namorado com quem ela viria casar-se depois e se mamãe não me acordasse com berros dizendo que eu estava atrasando minha irmã para ir ao colégio, talvez eu ainda vivesse, em meu sonho, aquele  horrível pesadelo.

CANÇÃO  COM SILVA E LUDIMILA

Amigos leitores,                                                                                                                   Esse ano de 2020 ainda está sendo um ano cruel e muito difícil para todas as pessoas no MUNDO. Me recordo muito claramente do meu primeiro trabalho desse ano, sábado dia 07 de março: primeiro e único, pois na semana seguinte a quarentena foi instalada por aqui. Sou imensamente grata a Deus por ter permitido que esse trabalho fosse realizado com tudo perfeito e até pude rever meus amigosafilhados que vieram prestigiar a Escritora Maria Azevedo e a mim como Editora. Daí em diante foram meses a fio dessa coisa esquisita, dessa reclusão imposta a favor da sobrevivência. Vocês que por aqui vem ler e comentar me foram por companhia e muitas vezes ler no Blog de Vocês, me era a ligação com o mundo externo. passei bom tempo dormindo pouco e era comum virar noites de olhos abertos e mente desperta nesse período li muitos livros. Éramos cinco pessoas confinadas, até nos comportamos bem. Depois desse tempo imposto, as pessoas do lugar onde vivo relaxaram e passaram a agir como se tudo estivesse normal e o vírus não fosse mais um perigo. Nesse mês de novembro voltei a caminhar, em dezembro voltei a caminhar, a dar meu mergulho, a fotografar onde passo e a fazer exercícios. O mundo lá fora continua esquisito, mas hoje começa o Verão e logo será Natal. Apesar de tudo ainda seguir muito estranho, eu amo e sou grata pelo nascimento do dono dessa festa. Assim vamos seguindo com Esperança de que realmente tenhamos uma vacina o mais rápido possível. Lá em cima temos mais um maravilhoso texto do silvioafonso, a quem agradeço pela reciprocidade, pela presença em minha vida e na vida da minha família. Deixo com Vocês aí abaixo: Uma Poesia e Imagens dos lugares por onde passo durante minha caminhada diária.         Bjins de Afeto. CatiahoAlc.

TODO DIA

É dia de Poesia
Por todo lado
As palavras podem
Encantar
Orientar
Permeando o caminho
de  todo
Aquele que
Crê
E
Eu
Mulher Poeta que sou
Creio sem titubear
E sem pensar na razão
CatiahoAlc.