caraibeira em caraibeira, um único exemplar do pequeno pássaro de apenas 400 gramas, 30 centímetros e plumagem azul-cinza sobrevive, solitário, em liberdade. Com seu longo canto, procura atrair uma companheira, nas árvores ribeirinhas onde costumam fazer ninhos, mas as outras 37 ararinhas-azuis existentes no mundo estão em cativeiro.
Cada vez que abre suas asas, Severino, como foi apelidado pela população de Curaçá, desenha no céu a simbiose que Deus lhe deu com a natureza. Para viver, o pássaro de sangue azul precisa do verde das matas ciliares que pontilham no município, cravado na região semi-árida do norte do Estado da Bahia, ao longo do riacho da Melancia. Ocorre que o habitat já devastado da Cyanopsitta Spixii está sendo destruído também pelos bodes dos sertanejos. Daí a necessidade de atrair a ajuda de toda Curaçá.
Para tentar evitar a extinção da ave, o Ibama, órgão responsável pela preservação do meio ambiente, criou, em 1990, o Comitê Permanente para Recuperação da Ararinha-Azul, que congrega representantes da comunidade científica, do próprio órgão e criadores internacionais.
À frente do projeto de campo está o biólogo catarinense Marcos Da-Ré, que desde 1991 vive num quarto de pensão da cidade, de cerca de 10 mil habitantes, para implantar um projeto arrojado de mobilização popular: o Comunidade de Conservação.
A idéia é audaciosa. Tanto na cidade, onde o mercado municipal dita o ritmo do desenvolvimento urbano, como no campo, onde a maior atividade é das lavadeiras junto aos rios, Da-Ré quer sensibilizar a comunidade sobre a necessidade de se criar uma reserva ambiental no habitat da ararinha-azul e, assim, substituir a proteção legal pela vigilância espontânea.
O biólogo já conseguiu parte dos seus objetivos: os sertanejos descobriram que a proteção ambiental também pode resultar em melhoria das suas próprias condições de vida. Por isso, têm investido nos cercados, tradicional técnica de manejo do gado que também reserva espaço ao crescimento da caraibeira, árvore para a qual a ararinha-azul sempre volta.
Todo esforço é pouco.
Afinal, Severino é o último sobrevivente azul de sangue realmente nobre: carrega em seu vôo a memória biológica da espécie e é o único que ainda realmente conhece os segredos da vida em liberdade. (Marleine Cohen, Parabólicas)
Bicudinho-do-brejo
Em 1995, biólogos do Museu de História Natural do Capão do Embuia, de Curitiba (Paraná), identificaram um novo gênero de pássaro no litoral sul paranaense, um local degradado e muito próximo dos melhores centros de pesquisas do País.
O Stymphalornis acutirostris ou bicudinho-do-brejo, como foi denominado, é muito pequeno, rasteiro, e foi descoberto escondido nos banhados e locais pantanosos da região. Embora pertença à família Formicaridae, ou Papa-formiga, os ornitólogos Bianca Reinert e Marcos Bornscheim logo perceberam que não se enquadrava em nenhum outro gênero já descrito, dadas as particularidades de seu longo bico e da sua plumagem cinza-chumbo.
O mais irônico é que, recém-descoberto, o pequeno pássaro já está ameaçado de extinção. Só para se ter uma idéia do tamanho do risco, a área onde foi localizado pela primeira vez já teve sua vegetação totalmente desbastada e o brejo drenado.
Micos-leões-dourados Continuam Ameaçados
O mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), um dos mais ameaçados animais da fauna brasileira, continua em perigo, apesar do enorme esforço desenvolvido por diversas organizações nacionais e internacionais para recuperar a espécie.
Originário da Mata Atlântica, no Estado do Rio de Janeiro, recente recenseamento realizado pela bióloga Cecília Kierulff, da Universidade Federal de Minas Gerais, apontou a existência de apenas 559 micos, sendo que somente 290 vivendo na Reserva Biológica de Poços das Antas, município de Silva Jardim (Rio de Janeiro). Os restantes foram encontrados em áreas particulares sem qualquer proteção, onde os desmatamentos e a caça não são fiscalizados.
Além deste problema, as populações são muito pequenas e o isolamento entre elas tem levado a altos graus de consangüinidade, que em alguns casos chega a ser de 100%.
Este fato, somado à caça e ao desmatamento que continuam a ocorrer na região, poderá levar à inviabilidade da espécie nos próximos 100 anos, prevê a bióloga.
Sapo-cururu Vira Praga na Austrália
Em 1935 o Bufo marinus, conhecido popularmente no Brasil como sapo cururu, foi introduzido na Austrália como controlador biológico de duas espécies de besouros que causavam sérios danos às lavouras de cana-de-açúcar. O projeto não foi bem feito e resultou em fracasso no controle biológico, mas o clima favorável e a existência de poucos predadores naturais transformou esta espécie introduzida em uma praga. Por ser venenoso, algumas espécies de lagartos e cobras que dele se alimentam têm apresentado acentuado declínio de suas populações em determinadas áreas.
Tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), espécie classificada como "Em Perigo" na lista de animais ameaçados de extinção
Que o Brasil é um dos países com maior biodiversidade, com uma grande quantidade de espécies de fauna e flora, não é novidade para ninguém. Que alguns desses animais correm sério risco de extinção, devido a uma série de fatores como desmatamento, caça ilegal, poluição, também não. Mas quais são, afinal, as espécies brasileiras ameaçadas?
A resposta está no Livro Vermelho das Espécies Ameaçadas, produzido pelo Instituto Chico Mendes, do Ministério do Meio Ambiente, e pela organização internacional IUCN, com base nos estudos de uma série de pesquisadores. Atualmente, 627 espécies estão na lista de ameaçadas de extinção, em diferentes categorias de risco. Metade dessas espécies estão protegidas em unidades de conservação, e o governo aprovou planos de ação para cerca de 33% das espécies.
A lista divide os animais de acordo com o estado de conservação de cada espécie. Essas categorias vão desde Vulnerável até Extinta, além das espécies classificadas como Quase ameaçadas ou Pouco preocupante. Confira alguns animais de cada categoria.
Extintas
Essa é a categoria mais dramática: sete espécies brasileiras são consideradas Extintas (EX), e as sete eram encontradas na Mata Atlântica – o bioma mais devastado do Brasil. São espécies como a perereca Phrynomedusa fimbriata ou a arara Anodorhynchus glaucus, além de quatro invertebrados terrestres, como a minhoca-branca e uma espécie de minhocuçu.
Extintas na natureza
Duas espécies estão listadas como Extintas na Natureza (EW). São duas aves que não são encontradas mais em seus habitats naturais, e existem apenas em cativeiro. O mutum-de-Alagoas é uma ave que antes era encontrada na Mata Atlântica, mas desde 1999 acredita-se que esteja extinta na natureza: há cerca de 120 indíviduos vivendo em cativeiro. Já a ararinha-azul é uma ave de plumagem azul e cinza que vivia na caatinga. O último indíviduo desapareceu na natureza em outubro de 2000, mas cerca de 60 indíviduos vivem em cativeiro. A ararinha-azul é conhecida do grande público: é a espécie que inspirou o filme Rio.
Criticamente em perigo
O peixe-boi (Trichechus manatus), espécie classificada como "Em Perigo" na lista de animais ameaçados de extinção
São considerados Criticamente em Perigo (CR) as espécies de animais que tiveram grande declínio de população e vivem em apenas algumas áreas – a destruição dessas áreas coloca em risco a existência desses animais. Atualmente, há 125 espécies brasileiras classificadas nessa categoria, como o peixe-boi-marinho, que sofre principalmente por causa da caça e de capturas acidentais, e o mico-leão-da-cara-preta, o mais ameaçado dos mico-leões da Mata Atlântica.
Em perigo
São 163 espécies classificadas como Em Perigo (EN). Elas também enfrentam alto risco de extinção, mas a situação não é tão crítica como a categoria CR. A tartaruga-de-pente é um exemplo de animal em perigo. Essa tartaruga vive no litoral da Bahia, e tem esse nome porque, antigamente, o seu casco era usado para fazer pentes. Hoje, o que mais ameaça a espécie é a poluição marinha.
Vulnerável
Onça-parda (Puma concolor capricornensis), espécie classificada como "Vulnerável" na lista de animais ameaçados de extinção
A maior parte dos animais da lista encontra-se nessa categoria: são 330 espécies brasileiras consideradas Vulneráveis (VU), em praticamente todos os biomas do país. É o caso dos principais felinos brasileiros, as onças. As três espécies de onça do país estão vulneráveis, e enfrentam ameaças como a destruição de seus habitats com o avanço deo desmatamento, além da caça. Os animais vulneráveis também correm grande risco, mas muitos já estão sendo atendidos por planos de ação de conservação. O lobo-guará, por exemplo, outra espécie considerada vulnerável, tem 19 metas e 25 ações para reverter o declínio populacional da espécie.
Fonte: www.mre.gov.br, revistaepoca.globo.com
Os meios que o estudam os descrevem como extintos.. eu os vejo como novas espécies.. muitos bichos tem novos tem aparecido evoluídos das suas espécies já desgastadas pelo tempo
ResponderExcluirlindo dia
Infelizmente milhares de animais estão em extinção. A lei do homem a impôr-se muitas vezes de forma catastrófica. Derrubam-se matas inteiras... fazem-se prédios em tudo quanto é sitio... desviam-se leitos de rios, abrem-se estradas em zonas de nidificação, tudo isso maltrata e arruína os habitates naturais de muitas espécies vivas
ResponderExcluirAté quando?
Oi Lu. Seu post é dos mais importantes! Faço isso constantemente também nas aulas e na mádia, mas nosso grito ainda é pequeno frente ao descaso geral. A sanha humana não tem limites, enquanto um grita aqui, milhares estão surdos e destruindo por lá. É lamentável que, em nome do progresso, seres tão magníficos tenham de pagar um preço tão alto, como a extinção de sua espécie. Quando o homem compreenderá que é ele que faz parte da natureza e não ela a ele? Quem precisa de uma ararinha azul na natureza, perguntam? Do manati, do mutum, da anhuma, do tiê e de tantos outros?
ResponderExcluirAté os gafanhotos estão com vergonha!
Um abraço e tenha bons dias!
Amigo Lu, realmente é lamentável a extinção de animais no Brasil e no planeta.
ResponderExcluirUm abraço daqui do sul do Brasil.
Tenhas um ótimo fim de semana.
Oi,
ResponderExcluirÉ um pecado o que fazem como os animais. Eu fiz uma postagem semelhante no meu blog Infantil: Mundo dos Inocentes.
É muito triste.
Beijos
Lua Singular
A matéria que voce Lu e a Simone compartilham aqui é um alerta
ResponderExcluire particularmente dou atenção, pois não defendem um animal domestico ou outro e sim de fato
dão vazão aos animais que estão desaparecendo
por falta de cuidados e orientação
dos seres chamados Hu-Manos ou seja (nós).
Vou agradecer sempre pelo cuidado que tem com as matérias a que aqui compartilham.
bjs
Um grito de alerta muito bem conduzido. Vamos esperar que seja ouvido. Como educadores tentamos fazer a nossa parte, mas somos ínfimos nessa luta. Hoje venho te convidar para a nossa festa de comemoração. E ela está acontecendo porque você sempre se fez presente no meu espaço levando o seu imenso carinho. Deixo meu sincero agradecimento e te espero para mais esta singela celebração.
ResponderExcluirBeijos com meu eterno carinho
Da amiga de sempre
Gracita
Amiga.
ResponderExcluirUm verdadeiro absurdo a extinção de animais pela caça e não seguindo a natureza.
Excelente post de alerta!
Beijos e lindo fim de semana
Donetzka
Sabe querida como estão extintos os animais assim também em um tempo será extinto muitas outras coisas.....são guerras imortais no planetas...sempre..
ResponderExcluirUm beijo e um ótimo domingo
A nossa sociedade está numa evolução constante e corremos diversos perigos.
ResponderExcluirUma catástrofe eminente é o desmatamento de toda a floresta amazónica - Pulmão verde do globo.
Destruindo a floresta destroem toda a vida animal existente lá - pessoas e outras espécies.
Também por cá temos destas pragas com os incêndios.
Obrigado pela visita e comentário em Figuras da nossa terra de Lidacoelho
Gostei deste espaço.Voltarei, por certo
ResponderExcluirObrigada
BShell