Esse blog nasceu pra ser um encontro de vários amigos que compartilham a delícia da palavra. Seja em seus blogs ou por outros meios. De alguma forma tenho mantido por perto pessoas extraordinárias, adoro isso.
Muitas conheço e conhecerei apenas de blogs, outras já tive o privilégio de conhecer pessoalmente, outras sei que ainda vou estar frente a frente na hora certa.
Mas por enquanto vamos estreitando os laços por esse maravilhoso espaço virtual.
Hoje especialmente trago meu amigo silvioafonso do blog http://palhacopoeta.blogspot.com e sua postagem de ontem(la bem de ontem no passado) que muito deixou esta poeta encantada.
Penso ser um ótimo começo pra um espaço, pois seres que se respeitam e se doam em Palavras é algo digno de ser eternizado entre sonhos e delírios.
Depois de tomar conhecimento que uma linda escritora, atuante do seu Blog, resolveu protagonizar o longa-metragem que conta a história do seu sucessos eu respiro, tomo o tempo, que comprovadamente é pouco, armo-me de cavalete, pincéis e poucas tintas e pinto o quadro da minha vida. Sou filho de um casal que se dividia entre as artes; minha mãe amava o belo e o meu pai a perfeição. Por anos dividiram entre eles um amor de fantasia, de contos de fada com herói sem covarde, com mocinha sem bandido. Dois anos mais tarde bate o gongo e eles saem para o primeiro round de uma luta pelo primeiro filho. Deu menina na primeira de muitas tentativas. Outros rounds antecederam o meu, sendo que para cada um novo outra menina rompia a fita de chegada. Meu pai quis desistir do embate, jogar a toalha, porém a minha mãe que não ganhava a luta, mas perdê-la não sabia, tratou de inspirar o cavalheiro de todos os gestos e de todas as palavras. Reanimou nele o músculo da vaidade que ora fraquejava para dar, ela mesma, o golpe de misericórdia e num nocaute fulminante eu nasci e acabei com o adorável sofrimento. Choro forte, riso farto. Beijos e abraços com sangue pintando a cena. Entre os dois o amor, o amor que sangrava o sangue de cada um, o sangue de todos nós, possível vencido e possíveis vencedores. Cinco pares de peitos, cinco duplas de pernas femininas. Um homem ditando amor e u'a mulher com o nome de Maria. Tratamento igual para menino e meninaS. Estudar para andar com os próprios pés sem a necessidade de olhar por onde anda. Professores do primeiro grau, do segundo e depois, da Pós, do mestrado, professores da universidade onde estudaram. Família respeitada por quem a conhecia, mas o tempo, aquele tempo, lembra? Pois é. Covarde como é levou o meu pai. O pai nosso, o pai de todos e nós, voando como voam as andorinhas vimos o pai voar de uma vida de pouco tempo para outras de eterna melancolia. Em cada palavra que dizemos o meu pai está presente. Em cada gesto, em cada riso o riso gesticulado de um cara que amou a mesma mulher como que fosse ela a única, a Eva do paraíso, e ela, novamente virgem depois que ele partiu.
Eu tenho orgulho quando lembro do amor dos meus velhos. Ele era lindo e a beleza desse amor fazia feliz o casal que não abria mão do pagamento de suas dívidas, de desculpar-se pelo atraso de algumas promessas e do meu pai esquecendo-se de algumas datas que muito me fazia rir. Tenho vergonha, como dizia, de não ser, depois de tentar sem esmorecer, a metade de tudo que o meu pai foi com a doçura de sua presença. Infelizmente a morte burra levou quem não devia, mesmo tendo deixado a mulher, mãe de todos nós, como consolo eu não desculpo o ciclo da vida.
Enfim, como só morre quem é esquecido, o meu pai vive comigo, aqui, no lado esquerdo do meu peito e nos meus pensamentos onde o seu nome pulsa forte, como as cores desta tela.
silvioafonso
Linda partilha ,muitos beijinhos felicidades
ResponderExcluirMARAVILHA!!! SAUDADES DAQUI!
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