Hoje é domingo e eu não estou contente como na maioria dos meus dias. Eu já faz um tempo deixei de falar de determinadas questões ou de algumas inquietações. Mas hoje eu não vou conseguir deixar passar em branco ou fazer de conta que não estou contrariada. Suportei bem todo esse tempo de quarentena. Aguentei as limitações que me foram impostas por mais de seis meses. Mas ontem um atropelamento aqui no bairro onde vivo me tirou a calma e a paz de espírito. Acordei cedo nesse sábado e fui resolver umas coisas na rua, passei pela calçada onde um senhor expõe e vende livros usados. Reparei na barba bem feita e nas roupas limpas. Passei por ele três vezes, e quando ia para a feira que é em direção oposta, reparei no trânsito congestionado e um certo tumulto. Na volta da feira, meu par entrou em casa transtornado e com a notícia: O senhor dos livros havia sido atropelado e estava morto embaixo de um caminhão. Daí em diante o dia foi coberto por uma névoa de tristeza para nós moradores. E foi assim que fiquei sabendo que o nome do senhor dos livros era Ramiro. Vendia livros para pagar aluguel e alimentar-se. Não tendo familiares fazia da calçada seu espaço de trabalho, além dos livros muito bem arrumados ele montava um tear e fazia tapetes de barbante. Muitos estudantes universitários compravam livros didáticos com ele que fazia questão de vender bem baratinho. A noite fiquei sabendo por uma amiga que seu Ramiro, era formado, falava três idiomas e atuou na profissão de dentista até que a vida o separou da profissão e da família em MG. Ficou perdido por muito tempo no álcool e em outras coisas, mas recuperou-se e aqui onde vivia passou a expor livros usados refazendo assim seu caminho saudável e bem humorado. Era sua característica estar sempre barbeado e com as roupas limpas. Nesse sábado seu Ramiro atravessou a rua, foi ao supermercado, perguntou para a moça do caixa se ontem era sexta feira ou sábado?, ela sorriu informou que era sábado. Saiu apressado, atravessou fora da faixa e literalmente se enfiou debaixo do caminhão, bem ali em frente ao supermercado Êpa, tendo morte imediata. O que eu quero com essa conversa? Quero reafirmar que NÓS TODOS temos a obrigação de viver bem TODOS os dias. Temos que parar de perder tempo com picuinhas e reclamações desnecessárias. Precisamos aproveitar e amar intensamente nossas famílias e amigos. Porque de um instante para o outro a vida escoa e passamos a ser apenas um tênue lembrança... É isso que quero deixar bem claro aqui hoje com essa conversa em forma de simples escrita. CatiahoAlc.
Pequenos rostos
São tantos pequenos rostos
#05WKMundo
CONVERSA COM RAEL
Há dias nos quais não podemos esconder tristeza pelo que acontece. Que cena triste essa do S, Ramires. Uma pena...E tantos deles assim? Ficamos tristes e que ele descanse na PAZ!. Belo teu recado final!! beijos, fica bem,chica
ResponderExcluirCatiaho!!
ResponderExcluirEmocionante... tocante... uma lição de vida nesse domingo, onde eu reclamei, comigo mesmo da demora na fila da feira!
Poderia ter curtido um pouco mais a feira, conversado, jogado conversa fora... tomado uma "loirinha geladinha".....
Mas chego, leio isso...que licão de vida tomei!
Obrigado por essa aula EAD de como viver melhor!!!!
Que história triste, mas ao mesmo tempo de uma realidade muito forte
ResponderExcluirFoi triste ler, mas bem conduzida.
Lamento a morte de uma personagem tão querida. Que descanse em paz
Uma realidade que esta pandemia acentua.
ResponderExcluirBeijinhos, boa semana
Que triste a morte do Senhor Ramiro nesta história que você tão bem nos conta.
ResponderExcluirUma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
Verdade, Cátia: há episódios que nos chocam, pelo inesperado e pela simbologia. Achei que os seus versos, de certa forma, complementam o texto, e concordo: sempre figo que precisamos viver cada dia como se fosse o último: um deles será! Meu abraço, amiga; boa semana.
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