ambulatório aonde médico e equipe não faziam outra coisa
senão olhar o paciente depois de medicá-lo.
Um toco, diria o velho Palhaço, um fora, diria eu.
Nada havia de mais importante para aquele rapaz senão
a certeza de suas conquistas, e aquele adeus não foi auspicioso
à sua vaidade,
ao seu amor próprio e aos que a ele queriam bem.
Ela foi, enfim, tranquilizada por um senhor grisalho
que nos hospitais levava o sorriso aos que só das lágrimas compartilhavam.
Um braço sobre o ombro aproximou os dois.
Ele, gentil, falou de coisas das quais ela nem se apercebia.
Dizia do cheiro da rosa no final da tarde, do som
dos passarinhos que em bando revoavam no cair da noite
e da alegria das crianças pobres que mesmo sabendo que o papai
Noel não conhecia o seu endereço, torcem pela chegada do natal.
Ela baixou a guarda e por terra viu cair sua defesa.
O cheiro do homem que fazia rir era contundente.
Um misto de força misturado
com suor e bondade.
Um riso como cobertor de um corpo que tremia
no frio de todos os desejos. Uma vontade louca de cair
nos braços dele,
não como uma pessoa frágil como se mostrava,
mas como a mulher
vibrante que em sua alma adormecia...
A voz era calma e doce.
Certeira como as flechas de Guilherme Tell e mornas como
a chegada da primavera. Ela mal entreabriu os olhos e do homem
ao seu lado sentiu o hálito confundindo o seu.
Num gesto de loucura ofereceu-lhe os lábios e um meigo beijo viu ser
depositado em sua boca. Ela pirou de vez.
Esqueceu o motivo de sua indignação, de sua ida ao local
aonde o riso se mostrava e se abriu em leque, em curvas e retas e se deu,
não aos caprichos de quem ama, mas à vida que lhe era apresentada
como o perfume de flor em manhã chuvosa e doçura de festa de criança.
Um momento como nem os contos que escrevia faziam jus
ou os versos rimavam parecidos.
Eu finjo que não sinto
Eu finjo que não gosto
Eu finjo que não entendo
Eu finjo que não existo.
Ei finjo que não ligo pra nada nem pra ninguém
Eu finjo que não sinto que sou desprezada
Eu finjo que não me dói o gosto de rejeição
Eu finjo que não entendo que não represento nada
Eu finjo que não percebo que não existir e´ não fazer diferença
Eu finjo sim e daí?
Eu finjo porque não faz mesmo diferença
Eu finjo por que a dor é dentro do peito
Eu finjo porque ser mais um é assim mesmo
Eu finjo que não ligo pra nada disso
Eu finjo porque fingindo
Todos fingem que me aceitam.
Então fingimos todos
Então fingimos cada um por seu motivo
Então fingindo vamos vivendo
Então fingir é como fugir
Então fingir é enganar por fora e apodrecer por dentro
Finjamos todos!
Finjamos sem pudor!
Finjamos pra não nos expor...
POEMA DO MEU PRIMEIRO LIVRO REFLEXODALMA
CatiahoAlc./ReflexodAlma
Preciosa y completa entrada, felicidades y abrazos
ResponderExcluirPor vezes - ou quase sempre - o AMOR - é uma verdadeira "doença"
ResponderExcluir.
Cumprimentos cordiais.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Como dizia Fernando Pessoa, o poeta é um fingidor.
ResponderExcluirUma ótima semana, amiga Cátia.
Beijo
Gostei muito desse teu poema, não deixa de ser um grito de revolta
ResponderExcluirpelas verdades que sabemos, que vivemos. O que é bela e maravilhosa
é a natureza, o Universo. O mistério da vida.
Uma excelente semana, Cátia!
Beijinho.
Já ouviu dizer que o peta é um fingidor?
ResponderExcluirQuem disse, quem escreveu?
Abreijos
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