NO BALANÇO DAS HORAS.

     O calor era incalculável para os passageiros naquele ônibus que trafegava da cidade para o subúrbio numa noite chuvosa de quinta-feira. Crianças, idosos, jovens homens e mulheres se apertavam enquanto o coletivo se arrastava no engarrafamento daquela via. Ela se espremia e por mais que se esquivasse, pelo menos um, dos muitos homens, a apertava de encontro a outros que em pé se equilibravam. Não era de propósito, mas não tinha como evitar que se tocassem. De frente com um negro jovem e forte ela evitava o contato, mas que nada. Quanto mais ela se mexia, mais excitado ele ficava e não deu para segurar. Ele se deixou ficar na posição que lhe cabia e no balanço dengoso, por hora gostoso, as partes se encaixaram. Ela sentia o forçar por entre as coxas e ele, comprimido pelas necessidades de espaço e de tesão se liberou em grandes espasmos dando asas a sua imaginação; achava que se casara e depois da festa adentrava o quarto na intenção da cama com a mulher que escolhera para lhe pertencer. Carinhos, palavras quentes ao pé do ouvido e finalmente o golpe final que a prostrara aos seus pés, totalmente nua, sem forças, definitivamente sua. Por outro lado ela o via despido de vergonha e de pecado e nos seus braços se deixou conduzir para o altar dos sacrifícios aonde sentiu-se ofertada, oferecida ao deus pagão que no auge de uma grande festa a possuiu de todas as formas na frente daquelas que aplaudiam o que  fazia, sem esconderem a inveja que  sentiam.
     Chegado o final da linha cada qual acordou do seu sonho, ajeitou sua roupa e partiu sem mesmo um olhar nos olhos de cada um.                                           (Foto da Internet).

Comentários

  1. Coisas que acontecem, mas no fundo se perdem.Muito bom o texto.

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  2. Hun... pra quem esta saindo para trabalhar
    e le seu texto ha duas opções
    ou evitar o onibus pois verá essa situação.
    Ou... rsrs
    entrar no mais cheio que passar e sonhar
    e sonhar...
    ai ai.
    Bjons e adoro começar a semana com seus textos
    provocantes!

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  3. Bah que situação, para o homem deve ser possível esse rompante de erotismo, mas a mulher criada com uma educação casta deve ter outro pensamento deste dilema.
    Tenha uma ótima semana.

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  4. Ônibus é sempre oportunidade de criar prá mim! Texto muito legal!

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  5. Um texto que revela muitas realidades que acontecem nestes autocarros super lotados.
    Beijocas
    Graça

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  6. Este texto relata realidades que acontecem em autocarros super lotados.
    Beijocas
    Graça

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CatiahoAlc./Reflexod'Alma
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