SOLIDÃO
Minha amiga, companheira,
Em teu ombro me recosto e posso chorar sem medo.
Diante de ti, posso cantar... Sorrir... Dançar e me despir sem pudor.
Posso dormir... Sonhar ou simplesmente devanear...
Posso falar... Gritar e me emocionar...
Posso ouvir minha música no volume que eu quiser...
Ir ao banheiro de porta aberta, sem medo do voyer...
Posso comer... Xingar e liberar meus flatos.
Diante de ti, posso esvaziar-me por completo, liberando todo o meu ser...
Posso ler... Estudar... Escrever... Comemorar um bom trabalho... Pular...
Enfim, diante de ti posso sempre ser eu em toda a minha plenitude.
Não preciso de ética, etiquetas ou pudores...
Tu nunca argumentas, mas seu som cala forte em meu coração.
Às vezes, em meio à multidão, sinto a tua presença...
Nas madrugadas frias, sinto-te comigo.
Muitos te odeiam, mas eu te amo!
E agradeço por estares sempre comigo e por me trazeres a inspiração.
Minha melhor amiga, teu nome é solidão.
©MaryTrarbach
AMOR NA DIÁSPORA
Pelo mundo afora
Esquecendo o que foi a Babilónia
Amor na diáspora
Ainda não havia a Rondónia
Já não temos a humanidade de outrora
“Em verdade vos digo”, ficou sempre a agonia!
A agonia devastadora
Sempre a esperança, como espora
O saber esperar de baronia
Esperar com otimismo a nossa hora
Olhar carinhosamente, o azul do amor, da harmonia!
Esperar a auscultadora viajar sem demora
Ver o seu mundo, em tons que não pressagia
A insana calculadora!
Esperando, amadureça com amónia
Que fique com a sua ânfora,
Para acabar com a insónia!
A pode utilizar a imaginar, como foi devastadora!
Se metamorfoseando sem parcimónia,
Da devassidão é promotora
Orgulho de pretender ser da Caledónia
Do pecado de desejar desamor é detentora
A tentar criar desarmonia…
… Amor na diáspora,
Que vencerá com terna polifonia!
Amor na diáspora!
©DanielCosta
©SamuelBalbinot
..
UM TIRO NO CORAÇÃO
Eu já fui carregado nos braços, nos ombros e no coração, mas nas costas
ninguém me levou ou eu carreguei ninguém. Tem vez que tentam fazer de mim um cara mais fraco do que sou e por isso me fazem de gato e sapato e como eu lhes dou as costas me chutam a bunda e riem de mim. Assim é a humanidade, paradoxal. As pessoas escolhem seus alvos para se mostrarem bons atiradores, mas se esses alvos, antes do primeiro disparo caírem em sofrimento com uma doença desconhecida, por incrível que possa parecer esses mesmos atiradores se envolvem na causa e sem medir esforços se doam, se entregam como os americanos se doaram aos vietcongues depois da guerra, e fazem isso de tal maneira que se tornam em mais um Charles entre muitos que fizeram questão de trocar o próprio nome. Eu não posso deixar de falar na histórica França que nas ruas colocou o que tinha de melhor na presidência e nos seus ministérios e com esse gesto viu formar a corrente humana com presidentes, príncipes e reis de países que se deram os braços em elos reforçando a corrente da indignação. Tal seriedade para a morte de alguns trabalhadores da imprensa calou a boca brasileira que tem seu povo mal tratado pela governança que não se comoveu com meia dúzia de gatos pingados que, em passeata como a de junho passado, sofreu com a infiltração de mascarados, paus mandados.
Tive muita vontade de ofertar meus braços para fortalecer a corrente daquele milhão e meio de franceses e não franceses que, revoltados com a fé estremada de alguns que, em nome de Alá, não respeitam o deus dos outros. É duro ter que engolir o sapos que nos enfiam goela abaixo sem uma bebida para companhar, é duro ter que aceitar na tua trincheira um amigo que vai esvaziar o teu cantil para te matar de sede. Dormir na tua cama para te ver mal na manhã seguinte e achar que te faz um favor enorme. Eu não bebo se o meu amigo não saciou a sua sede e só me deito em sua cama se ele se deitou primeiro.
Tem vez que você fica triste e não sabe por que motivo. Eu me sinto assim não faz muito tempo, mas também não sei, ou acho que não sei por que.
©silvioafonso
De repente...
Estou com uma deliciosa vontade
De relembrar somente coisas boas
E linda
Que são parte do meu doce
Viver.
Catiaho Alc.