Eis algo que posso afirmar.
Gosto do momento onde a troca se faz mesmo que seja negada ou rejeitada por muitos.
É um tempo que no meu entendimento; é oportunidade de perdão.
Perdão não somente aos outros (que é importante), mas especialmente a nós mesmos.
Desde menina Natal pra mim não significava ganhar coisas, até porque nunca ganhei mesmo.
Lembro de duas vezes únicas vezes que isso aconteceu e não foi lá essas coisas.
Uma vez, já éramos seis irmãozinhos, dos quais eu a mais velha tinha dez para onze anos.
Meu pai nesse tempo de Natal apareceu em casa com roupas novas para todos nós!
Milagre!?
Lembro da blusa que ganhei: era branca, de botões e com letrinhas pretas.
Ual que alegria!
Pois não usávamos roupas de loja, somente roupas doadas. Porém...
Logo em janeiro veio a notícia, meu pai havia ganho do patrão dele (meu pai tinha por profissão operador de máquinas pesadas operador de D8), nesse tempo trabalhava para um pequeno empresario da área, coisa não comum a meu pai que orgulhoso de sua profissão só trabalhava para grandes Cias de Engenharia em Terra Planagem, mas com seis filhos pra sustentar e morando de favor em uma casa emprestada, na verdade um barraco de madeira, não teve escolha até ser despedido e uma vez despedido, teve que devolver as roupas todas! Foi triste, lembro da cena como se acontecesse ontem...
Depois, já com quinze anos, uma mocinha eu era; me formava na escola, completava os tão sonhados quinze anos, minha mãe até fez um vestido de crepe rosa clarinho pra eu ir a formatura.
Era de novo dezembro e meu pai apareceu com dois lindos relógios da marca Mondaine. Um para meu irmão Henrique e outro para mim! Êxtase absoluto. Escolhi o de fundo branco, meu irmão ficou com o de fundo azul que ficou certinho no pulso dele ( o dele está na família até os tempos de hoje); já o meu...
ficou com a pulseira larga,mas nem liguei. Nem dormi na noite que ganhei o presente, fiquei com ele no pulso olhando, olhando encantadamente.
Lá pro dia cinco de janeiro, papai pediu o relógio pra mandar apertar a pulseira, entreguei com alegria; só não sabia que jamais veria meu relógio novamente. Bem como também nunca ganhei nenhuma explicação.
Eu e o par Criamos nossos dois filhos com celebração nossa nessa data.
Lembro a primeira vez que fiz uma performace teatral pra eles, uma surpresa, exclamaram ao aplaudir-me: Nossa mãe é atriz! Eram tão pequenos!
Hoje os temos criados, cada um longe de nós e vivendo suas vidas.
Eu? Continuo mantendo a celebração com o par e se por ventura sozinha eu vivesse ou viver, faria e farei a celebração sozinha.
Tenho descoberto que preciso muito de mim.
Que devo cuidar desse patrimônio que sou (não é egocentrismo que detesto nos que reconheço),
Não devo cuidar desse patrimônio que sou para outro ou outros; mas pra mim mesma. Mereço.
Adoro Natal! Adoro presentes na arvore. Amo receber felicitação pelo dia.
Amo celebrar o nascimento do Cristo que nem foi nesse dia, mas que decidiram que assim fosse e pra mim, assim É. Amo a figura do Papai Noel que Já saiu de minha sala muitas vezes, anos seguidos e foi responsável pelo prover financeiro em nossa família.
E diferente da maioria, eu Catiaho não entendo Natal como consumo ou como exageros.Compro quando posso e quando os preços me convencem ou quando os presenteados merecem esse tipo de carinho..
Entendo Natal como encontro, como troca, como reciprocidade.
A começar em Mim, Comigo.
Essa é uma relação que vale e sempre valerá à pena explorar.
Pois queremos tanto pro outro que nos deixamos a mercê.
Eu; Não Mais.
Feliz Natal pra todos, mas especialmente para mim!
Catia Helena
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