A velhice é a pior doença, diria o Jovem e viçoso Palhaço
Poeta. Certa vez Alclemir, um amigo de muito tempo, firmou um contrato com uma editora para escrever uma vez por semana na coluna de um tabloide que
circulava naquela empresa. Depois de escrever durante um ano a coluna passou a lhe pertencer. Dois anos após ter firmado o compromisso, Alclemir, por ter se empolgado com uma psicóloga, senhora de bons modos, cultura e capricho esmerado, acabou por se esquecer de todos os
compromissos que tinha, até aquele que lhe põe na mesa o pão o pobre diabo esqueceu.
Esqueceu de trabalhar para receber no final do mês o suficiente para quitar as
suas contas e comprar o que comer e o que vestir, inclusive para que fosse
visto como honesto e trabalhador. Alclemir estava deslumbrado pelo tapete verde
por onde a doutora passava, já que olhava os próprios pés, não como o belo e
imponente pavão de todas as histórias, mas como a beleza de suas plumas, dos
seus olhos cor de esmeralda que bastava que visse alguma coisa para que ela se
transformasse em cores vivas da esmeralda. Alclemir foi cobrado da maneira mais
simples, bonita e sutil que alguém jamais cobrou. Foi lembrado por um
entregador de flores que tocou a campainha e ofereceu-lhe um buquê de rosas sem
outras palavras que não fossem a de agradecimento e votos de uma boa
segunda-feira. Talvez Alclemir tivesse morrido de vergonha e coberto o próprio
corpo com as flores que recebera, mas também poderia, com isso, ter feito o
texto mais verdadeiro que já tinha se permitido. Assim foi aquele dia na vida do moço, na vida
da editora e na vida da gente que o lê e o segue caminho afora como segue a
cria a sua mãe em plena segunda-feira triste pós finados.
5 comentários:
Excelente texto.
Abraço.
Me ha dejado estupefacto e impresionado este gran relato.
Un abrazo.
Amei o texto,.
Nossa que legal eu adoro a banda O Teatro Mágico.
beijos
Vai escrever bem assim laaaa ...
na casa
da Moça dos olhos da Cor da Mata,
viu?
Bjins
Oi, Sílvio.
E depois chamam de "melhor idade"... A propósito, dê uma olhada na crônica do Rui Castro que eu reproduzi na minha postagem do último dia 19 (siga o link http://fernandomelis.blogspot.com.br/2012/10/macrium-reinstalacao-do-windows-sem.html).
Um grande abraço, seu moço.
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