Hora da Viagem...

É bom estar preparando malas e bagagens para uma viagem.

Viajar sempre é algo que me fascina.

Nessa terça -feira dia  onze, estarei  de malas prontas as cinco da manhã.

As sete já fiz meu chekin e saberei se posso entrar para entregar 

minha vida

 nas mãos dos administradores do espaço que acabei de assinar meu 

atestado de autorização de que entro ali por livre vontade e necessidade.

Mas essa viagem tem um fator diferente de tantas outras que já fiz sozinha 

ou acompanhada, pois entregarei não meu pertences ás camareiras, 

mas sim minha vida física

aos  profissionais que me sedarão e cuidarão do mal que me tem impedido de 

viver integralmente.

Nunca ouço os que dizem  os especuladores da vida alheia. Prefiro minha própria

experiência. lembro do quando fui internada a primeira vez aos dezesseis anos,

 foi uma crise depois de enterrar um pessoa querida. Tive um mal súbito e fui para

 uma consulta rápida e de la sai com guia de internação , onde fiquei três 

semanas, sem vista familiar, eles não  tinham a visão, pra eles estar internado

 em um hospital era ser cuidado bem.

Só meus amigos de igreja iam me visitar e especialmente o Damazio, entrava

 no hospital por uma passagem secreta pra me levar lanches e noticias.

Muito legal é que o amor da minha adolescência  , o da época estava internado no

mesmo hospital, foi por conta do meu amor por sua mãe que falecera que adoeci.

Depois, aos dezessete anos foi constato pelos médicos uma anemia gravíssima, 

teria que ficar internada para evitar que a leucemia chegasse. 

Foi ai que meu namorado,  hoje marido que é enfermeiro assumiu meu tratamento 

junto com o medico e antes do nosso casamento em

novembro de 1981, me deram alta com cem por cento de cura.

Depois  duas outras vezes fiz essa viagem , mas foi para dar à luz a meus dois

 filhos com 5

 anos de diferença um do outro. Nesse segundo parto tudo foi bem, escapei 

da morte dupla

pois o Wallace não queria nascer e ficou mais duas semanas no ventre, 

quase nos matando.

Dois anos depois cuidando de muita coisa junta e amamentando, 

descuidei da alimentação e perdi dez quilos que não deveria, mulher de manequim 

quarenta e dois ,  com menos dez quilos é taxada pela sociedade ou de aidética ou 

de tuberculosa. meu marido enfermeiro,

assumiu os cuidados por minha reabilitação, me levou ao medico certo 

e foi ai que a  reeducação alimentar teve lugar: tenho que comer comida

 (arroz, feijão)todo dia! Caso contrario 

ainda hoje

 vinte cinco anos depois, eu perco 200 gramas  por noite ou dia.

Continuo manequim  quarenta e

dois aos cinquenta anos e não falo isso com muito orgulho.

Marcaram essa minha terceira viagem a seis meses antes, caiu exatamente na

 época de mais trabalho meu. Nesse tempo por mais que eu coma, gasto mais energia

 que consumo. Dai então começou a perda de peso: quatro quilos em dois meses.

Estou bem, mas fazendo super alimentação acompanhada pelo medico e por meu marido 

que me supervisiona. os amigos de perto, muitas vezes desconsideram minha fragilidade e 

minha situação, mas  tenho que me acostumar com essa resistência ao diferente:

 perder peso é o normal,

 mas ter que ganhar o não perder é visto como bizarrice ou exibicionismo pela maioria

 na sociedade.

Pois o que me importa agora, é aguardar em repouso de corpo e boa alimentação até 

a hora de embarcar nessa viagem que  em sendo um sucesso me dará pernas sem dores

 e trará de volta minha agilidade.

 Não quero pernas estéticamente  perfeitas, quero pernas saudáveis!

Pronto já gritei e agora vou ao dia.

Amo vocês que me lêem em silêncio aqui.

Bjins entre sonhos delírios e esperança

Catia Helena