Espalhados Espelhando

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terça-feira, 29 de outubro de 2019

DE TERÇA GORDA À QUARTA DE CINZAS

Os foliões deixavam o Sambódromo onde a Portela retumbava os últimos acordes do samba de enredo e a Sapucaí bocejava de sono. Sozinha com o calçado na mão uma jovem, fugitiva de um amor mal resolvido no sertão nordestino, entendia que no momento não só o carnaval chegara ao fim, mas a esperança que tinha de encontrar alguém com quem desabafasse, falasse de sua vida e, quem sabe, se identificasse com ela.   Os tamborins sentiam no couro ainda o tocar das varetas quando ele apareceu não se sabe de que planeta, para, em ritmo de festa, cruzar seu caminho. Sambava na ponta dos pés ao seu redor o rapaz como se fora Carlinhos de Jesus, o senhor de todos os carnavais.  Depois de giros, cruzadas de pernas e de braço sem perder o compasso,  "Carlinhos", o rei dos salões, se dobrou sobre um joelho, olhou nos olhos dela com um bonito e grande sorriso e na mão dela, que antes havia beijado, deixou a flor que trazia presa ao chapéu. E ela, sem saber como se portar diante do distinto cavalheiro vergou-se de maneira que "Carlinhos" pudesse prender nos cabelos da bela morena a flor que lhe dera. Mal tinha arrumado a flor entre os grampos nos curtos fios de cabelo  e o jovem, que não tinha a malandragem que demonstrava, mas trazia consigo o trejeito dos grandes dançarinos, tocou-a nos lábios, com os seus, de maneira que a deixasse esmorecida.  Viajou na espiral da mais bela fantasia.  Poderia achar que fora dopada, caso não fosse com o rei dos salões o acontecido. O surdo cadenciava o compasso da escola no final da avenida enquanto o coração brejeiro da morena que se permitira enfeitiçar com o que o rapaz dera a ela,  sambava no pulsar dos orgasmos que, no vazio da apoteose, ali, enlaçada ao seu descobridor, a vários espasmos se entregou. Enfim, como diz o velho Palhaço Poeta, eram os últimos suspiros de um carnaval que agonizava, como essa jovem,  para não morrer.

                   LIVROS DO AUTOR

CANÇÃO COM O ARTISTA CAPIXABA
SERGIO SAMPAIO


FRASES DE LIVROS















LIVROS DA GENTE 

SOB NOSSO SELO

































10 comentários:

Antonio Pereira Apon disse...

Muito bom. Envolvente leitura.

Te convido para ler: 😎 O que é o tempo?
Um abraço. Tudo de bom.

silvioafonso disse...

Cara que trabalho bonito você tem feito minha
amiga. Olha só como ficou o meu braço; todo
arrepiado.
Beijos e muito obrigado pela parte que me toca.



Pedro Coimbra disse...

Grande dupla, grandes amigos virtuais.
Abreijos

Catiaho Reflexod'Alma disse...

Antonio
sou sua fã.
Irei lá.
Bjins
CatiahoAlc.

Catiaho Reflexod'Alma disse...

Bondade sua amado mestre.
Bjins
CatiahoAlc.

Catiaho Reflexod'Alma disse...

Pedro, Faz tempo que
não somos mais amigos virtuais.
Muito brigadin pelo
elogio.
Bjins
CatiahoAlc.

Anônimo disse...

Dona Cátia,
fiquei só pensando
como vai ser bonito
quando meu livro estiver
aqui também.
Maria Azevedo

PEQUENOS DELITOS RENOVADOS disse...

Ótimo texto.... sensacional e envolvente leitura!
Um fim de Carnaval, porém o (re) começo de uma nova vida.
Bela crônica social, num belo blog, onde a Arte de escrever acontece!!!!

Larissa Santos disse...

sempre a surpreender .. belos Poetas e belos momentos de poesia:))

Hoje:- Neste pôr-do-sol, onde me envolvi | Dois anos de blogue |

Bjos
Votos de uma óptima Quinta- Feira

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

Agradecendo e retribuindo o carinho da visita.

Magnífico ...

Beijos

JUSTIFICATIVA PARA TODOS OS LEITORES AMIGOS

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Escritor Leandro Serpa

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