Cornélio era um amigo dos tempos de escola e segundo ele próprio me disse era muito azarado com as garotas, até conhecer Geni. Com ela Cornélio namorou, noivou e se casou antes de sumir do nosso convívio. Geni, a mulher com quem teve seus filhos, era uma garota bonitinha, boa filha e muito bem comportada. Jamais fora vista aos beijos e abraços com quem quer que fosse.
Nada se podia dizer contra a sua conduta. Essa era Geni, a mulher que encantou e levou Cornélio para o altar e para longe do nosso convívio.
Na semana passada esse cara, depois de tantos anos, apareceu no pedaço e como eu estava saudoso das suas conversas o convidei para umas cervejas num barzinho ali perto. Depois de três caipirinhas e nem lembro mais quantos chopes, Cornélio se entregou.
Confessou que a mulher, com quem teve quatro filhos, é sapatão.
– Mas como assim, sapatão, se vocês tiveram esses filhos lindos, que pelo tempo as meninas já devem estar moças e o menino um rapagão, como você mesmo falou assim que chegou?
– Eu disse pra ele. Foi quando me disse que as filhas, assim como a mãe delas, também eram gays.
Aí, brincando, eu perguntei se na casa deles ninguém gostava de homem.
Então o Cornélio, abaixando a cabeça me disse que tinha, sim. O filho dele. O filho dele gostava.
Na hora me deu vontade de rir. Aliás, eu nem sei se a vontade era de rir ou de chorar já que enxugava os olhos com as costas da mão enquanto falava.
E terminou dizendo que tão logo tomou conhecimento do fato arrumou suas coisas e veio morar num hotel.Depois de ouvir o que disse não me ocorreu ideia melhor do que a de pedir ao garçom duas cachaças bem caprichadas.
Levantei a minha num brinde e a tomei em duas goladas. Cornélio, que eu nunca viu bebendo cachaça, esvaziou a dele num gole só.
O garçom, a quem me lembro de ter dado uma boa gorjeta, nos arrastou para um táxi que nos levou para minha casa aonde, aos trancos e barrancos entramos para dormir.
O sol ia alto quando me levantei.
Na sala Cornélio, de cuecas, roncava e babava na minha poltrona.
Tinha uma perna encolhida sobre as almofadas e a outra do lado de fora de onde estava deitado.
No banho foi que eu me toquei do risco que tinha corrido levando esse cara pra minha casa; vai que o “maluco”, que viveu tantos anos com aquela mulher e os filhos, talvez, sei lá,
pudesse arranjar uma desculpa e querer dormir no meu quarto, comigo...
Imagina ele, com aquela cueca de oncinha rasgada no rego estirado na minha cama, imagina.
Silvio Afonso
Palhaço Poeta
CANÇÃO SAMBA DA BENÇÃO COM VINICIUS DE MORAES
Nesse Tempo
Eu não quero nem prosa e nem verso
Quero apenas em palavras
Meu coração derramar
Não quero saber nem de pontuação
Quero mesmo é me envolver
Sem a necessidade de dar explicação
É bem nesse tempo
Que a hora é o agora
E vamos seguindo vivendo a paixão
Como bem já diz a canção
Quem sabe faz hora
E assim sigo como manda meu coração
CatiahoAlc./Reflexod'Alma
18 comentários:
É isso mesmo, o mar está revolto, o melhor é não sair para pescar. Ou ficar curtindo o samba da bênção. Reler e reler o poema de Cátia, mergulhado no seu lirismo e cuidando-se porque ainda há a pandemia no ar!
Parabéns pelos textos.
Abraços,
Gostei de ler o texto e do poema. A conjugação perfeita.
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Uma semana feliz. Cumprimentos
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Um texto interessante, do Silvio Afonso acompanhado de um samba maravilhoso.
Encerrando com um poema belo.
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Alma desassossegada...
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Beijo, e uma excelente tarde!
rsss, o texto do Silvio está hilário! Está sutil.
O seu poema também gostei imenso, Cátia!
E Vinícius, que saudades do poetinha!!
Show de postagem, amiga!
Beijos, uma feliz semana pra todos!
Tenho um ´post' preparado com o Samba da Benção, felizmente optei por outra ideia para a minha próxima publicação... Srssss... Parabéns pelo 'post'...
Regressada aos blogues, ando s correr uma maratona para cumprimentar todos os que me comentaram na minha ausência. Desculpa alguma falta.
Dias bons. Abrços grandes.
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San Lin Fai Lok
Kung Hei Fat Choi!
Otra gran letra de canción... Puro talento, Catiaho!!
Ah, coitado do Cornélio! Mas eu conheço uma família onde a menina gosta de meninas, e o menino, gosta de meninos.
Silvio Afonso, sempre nos presenteando com crônicas pra lá de engraçadas. Há as inteligentes tambem, mas vez ou outra esse cara nos alivia. rsrs Cátia , como sempre um lindo poema, minha querida. Abraços e beijos.
José Carlos,
è uma delícia ouvir
boa música em paz nesse tempo
de cuidados.
Bjins
Obrigada Ricardo.
Bjins
Bjins Cidália.
E muito obrigada;
Tais,
É sempre uma alegria
tê-a por aqui.
Bjins
Bem vinda Majo.
Saudade.
Bjins
Bjins e Abraço Pedro.
Puxa Carlos,
Muito obrigada.
Ana,
Que bom que veio
e que gostou do que leu.
Bjins
Beto,
è verdade!
Bjins
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