Com Texto RIO X BELÔ - Com Canção- Com Versos É tato, contato e sensação

 RIO X BELÔ
Já era para ter embarcado, mas não embarcou. 

 Não sem saber porque a mulher sentada a sua frente olhava tanto para ele, por isso, assim que a senhora, com quem a mulher conversava, despediu-se para ir embora ele ocupou seu lugar.
— Oi! Tudo bem com você? — perguntou com a mão estendida. — Eu me chamo Francisco, mas se quiser me chamar de Chico eu não ligo, pode chamar —, falou pegando a mão dela.
— Prazer, Alice  —  respondeu com a mão dele na sua. 

— Eu acho que seu ônibus acabou de sair, por que não embarcou? — Perguntou tirando a mão da mão dele.
 — Para te falar a verdade foi por tua causa, não podia ir embora sem saber pelo menos seu nome, pois, se eu tivesse embarcado não estaria sentindo esse cheiro gostoso de mulher bonita, tipo cheiro de fruta madura que você tem —, falou tirando um fio de cabelo solto do ombro dela — e outra coisa —, continuou falando — não foi só o ônibus que eu perdi não, mas também a cabeça quanto de te vi me olhando e se você quiser me levar para qualquer lugar pode levar que eu vou e se for para o inferno, se você quiser, eu vou com você —, concluiu desfiando os cabelos da moça entre os dedos.
 — Você fala como se tivesse algo importante a dizer além dessa cantada barata e se tem diga logo. 

Eu sou comprometida. Aliás, não é bem compromisso o que eu tenho, mas quando preciso tenho a quem recorrer, se é que o senhor me entende. O cara não é lá essas coisas, mas dá paro gasto.  

Não creio que o senhor, como os outros,  seja melhor do que ele.  

A propósito, quantas vezes levou u'a mulher ao delírio em uma única noite?, uma, duas ou três?  

Se for menos de três estou fora porque isso já tenho quem faça. 

E outra coisa, eu não estou precisando de homem e se estivesse não seria na rodoviária que o iria encontrar.  

Aqui não tem nada que presta e porcaria por porcaria eu fico com a que tenho a não ser que o senhor seja daqueles que nos deixam doidas quando baixam as calças na frente da gente —, disse olhando para o zíper das calças dele.
— Me leva contigo que eu mostro, moça bonita — sussurrou com os lábios ao pé do ouvido.  — Vou matá-la com seu próprio veneno.  Enquanto você respirar socarei lenha nessa fornalha. — disse ajeitando a gola do paletó para quem, de olhos arregalados e vermelha como a saia curta que estava vestida balbuciou qualquer coisa como se dissesse que ia para Belo Horizonte.  

Ele assentiu com um leve sorriso enquanto ela o enfiava para dentro de um táxi que os levou ao endereço indicado. 

Na manhã seguinte lá estava ele, nu, tomando água de coco na varanda enquanto o mar se quebrava na praia.  — A dona da casa?  

Bem, parece que ainda está dormindo. 

Lembra da arrogância com que falava dos homens? 

Lembra de quando dizia que se não a deixassem louca pelo menos umas três vezes não serviam para ela? 

Pois é. Vai lá para ver o estado em que a moça se encontra, vai! 

A pobre não resistiu as pegadas.  

Ela se achava forte porque saia com homens fracos.  

Pena que não dá para mostrá-la do jeito que fica no dia seguinte. Agora estou eu aqui, tomando um coco gelado na varanda da casa da pessoa que insiste falando ser o que não é enquanto eu não sou outro senão o Francisco, o Chico ou Chicão, como todos me chamam.
                          silvioafonso

Com Canção

Jorge Aragão e Amigos

Espelho d'Agua

Com Versos

 É tato, contato e sensação

 Há   

 sensibilidade tamanha; 
     dessas de arrepiar 

irremediavelmente
 o corpo todo.
Apenas um toque, um sopro, uma brisa.                                             basta para desencadear ondas
de calor, 

de frio 

e de sentimentos suficientes

 para causar
uma explosão.
É tato, 

contato e sensação.
É um mundo inteiro 

no toque de uma 

simples mão...

                                          CatiahoAlc./Reflexod'Alma