Com Versos: É tato, contato e sensação - Com Canção - Com Texto: silvioafonso MENINAS DE TODOS OS TEMPOS.

É tato, contato e sensação.

 Há sensibilidade tamanha 

dessas de arrepiar irremediavelmente

 o corpo todo.

Apenas um toque, um sopro, uma brisa

basta para desencadear ondas de calor,

de frio e de sentimentos suficientes 

para causar uma explosão.

É tato, contato e sensação.

É um mundo inteiro no toque 

de uma simples mão...

CatiahoAlc.

Com Canção

GILBERTO GIL

A PAZ

Com Texto 

MENINAS DE TODOS OS TEMPOS.

Deitou  enlaçado com ela entre os braços 

e o corpo espremido contra os seios com as 

pernas  no meio das pernas dela. 

Horas depois descansavam do amor que

 fizeram naquela noite.  

Talvez ela quisesse esquivar-se das cantadas baratas, 

mas que tão bem lhe faziam e até  o hálito 

de cigarros fumados não a perturbava quando

 o ouvia falar aquelas coisas  pertinho de sua orelha. 

Ah! Como lhe fazia bem ouvir

 e sentir um homem assim tão perto... 

Parecia estar atrás do muro da escola quando, 

na verdade, era o sonho que sonhara quando menina. 

Aquela barba rala e mal nascida esfregando o pescoço. 

O cheiro de roupa batida e a cara lavada com

 a qual lhe sorria  eram tudo com o que ela sonhara. 

 Sonhava, mas nada, além disso, se coragem não tinha

 para pedir e não pediria se coragem 

tivesse até ser evolvida por aquele menino

 que nem fumar sabia direito.  

Ah! Essas meninas de hoje em dia... 

E as meninas daqueles tempos?   

Umas querendo e não tendo enquanto

 outras usando e abusando do direito 

que tinham pintam e bordam como pintaram

 e bordaram os nossos avós porque todos, 

mesmo não tendo prática souberam como lidar 

com a agulha e com o pincel. 

— Meu pai me deserda, diria vovó se vovô 

não casasse com ela.

 — Meu pai disse que não deixa nada 

para mim quando ele morrer. 

 — Vem cá, se não deixar para você, 

que é  filha única, 

para quem ele haveria de deixar? 

—  Perguntaria vovô  a vovó hoje em dia.

Essa manhã ela acordou bocejando na hora do almoço.  

Tinha os olhos inchados e cara amarrotada enquanto ele, 

na janela, assoviava como passarinho fujão.  

Ele jamais deixará de ser um pobretão

 bem-falante enquanto ela, vivida e bem paga,

 continuará aconselhando as audaciosas

 a  se resguardarem e se possível se manter virgem  

para os seus pretendentes ou seriam malvistas 

e mal-afamadas. 

 Infelizmente não serão tão bem resolvidas 

como a conselheira.

Já ele se levantou, passou uma água na cara,

 comeu uma banda de pão com geleia

 e  beijou-lhe na boca com gosto de café. 

Piscou-lhe um dos olhos, puxou  o chapéu 

para alto da testa  e assoviando saiu por aí. 

Cumprimentou quem falava com ele 

 e sem a intenção  de voltar seguiu seu caminho.  

Esse é o homem de hoje, 

de ontem e de sempre,

 como somos todos na outra ponta da corda.

                                 (silvioafonso)

                   

Com Imagens  

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Local

Uruguai

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