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segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Com Texto HERÓIS SEM NOME - Com Canção - Com Versos

 


HERÓIS SEM NOME

Desde criança meu sonho era andar naqueles 
aviões que praticamente arrancavam as
 telhas da nossa casa quando
 morávamos no morro de um bairro pobre do Rio.  
Todos os dias à tarde eu corria para fora só para vir 
os soldados que, de dois em dois,
 saltavam dos vagões voadores. 
Com as mãos na cabeça eu sonhava ser tão corajoso 
como aquelas pessoas.
 Aos 15 anos tentei alistar-me no exército, 
mas meu pai não permitiu e só aos 17 vesti a farda  
que eu tanto queria entretanto nada falei 
quanto a categoria ou meu pai me proibiria, 
como antes, de eu arriscar 
a porcaria de vida que eu tinha. 
E como ele mandava nos sonhos dele 
queria dar palpite nos meus. 
Por ele eu seria lutador de nome o que ele, 
como bóxer, jamais conseguiu.  
Papai era um desportista, porém, jamais, 
ganhou qualquer coisa com o esporte.  
No quartel tinha outro paraquedista que lutava como
 meu pai, a diferença é que este vivia provocando 
os outros até passar a mão na minha bunda 
e eu meter a mão na cara dele. 
Para não ficar mal diante de todos o covarde 
me empurrou porta afora.   
O problema é que estávamos a dois mil pés de altura. 
Voávamos sobre Duque de Caxias e coincidentemente
 sobre Gramacho onde no dia seguinte faríamos
 os saltos programados. 
 Foi sorte ter acionado o paraquedas
 tão logo fui empurrado ou não estaria 
contando essa história.  
Dois dias depois procurei Torres, 
na Baiuca para lhe dar um abraço.  
— Obrigado, Torres.  
Fiquei sabendo que você foi 
o responsável pela dobra do meu paraquedas.  
Não fosse a precisão com que faz seu trabalho
 e eu não o estaria abraçando nesse momento. 
— Com os olhos molhados Torres me disse
 que até aquele momento nenhum soldado 
comentou seu trabalho com tamanho carinho.
 Torres talvez não se lembrasse que paraquedista 
com menos de 100 saltos,  como ele, não é ouvido
 por quem tem mais de mil. 
Quantas vezes fui a Baiuca conversar 
com os caras, quantas?  
Um montão e se fui não foi para ver em que mãos
 estavam a minha segurança, a minha integridade
 física ou a minha vida, mas para agradecer-lhes 
por fazer pelos outros, o que fazem para si próprios.
O tempo passou e levou com ele a minha infância 
e a juventude, menos a vontade de voar não levou 
e se me contassem que um bandeirante ou um
 Cessna que seja passou assustando
 os meninos talvez eu 
lembrasse do meu pai e chorasse.  
Chorasse por ele ser um sonhador, mas,  
por segurança, não me deixava dormir…
                                                       silvioafonso
Com Canção
Medo de avião
Belchior


Com Versos
Há um desejo em mim, 
que hoje não cessa.
Vem junto com um grito, 
que não tem força pra sair.
Desejo escrever versos,
 que apenas descrevam o belo.
Grito que faça reacender 
o lúdico que temos 
dentro de cada um de nós.
Mas acontece que  meus versos
 são somente reflexos.
Tons de uma alma em constante
 renovação ou seria revolução?
Apenas versos, 
parte do caleidoscópio que sou.
Cores não mais primitivas,
porém já decompostas 
no arco íris
 que é a vida.
CatiahoAlc./Reflexo d'Alma entre delírios e delírios

060720100559

9 comentários:

SEM FRONTEIRAS "Fatima" disse...

Super post, Cátia!
Texto, verso e canção, gostei!

Tenha uma boa tarde!
Beijinhos

" R y k @ r d o " disse...

Mais uma publicação super completa, fascinante de ler.
.
Um resto de domingo abençoado
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Andre Mansim disse...

Olá Catia!
Ótimo texto e poesia!
Seu blog é sempre muito bom de visitar!

Um grande abraço!

Majo Dutra disse...

Comovente!

Gostei de vos ler. Abraços.
~~~~

silvioafonso disse...

A música, tudo a ver.
Beijos e beijos, muitos.

Pedro Coimbra disse...

Forte abraço e um grande beijo
Boa semana

Graça Pires disse...

Gostei da história do Sílvio Afonso e amei o seu poema.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.

Cidália Ferreira disse...

Sem duvida, excelente e interessante publicação!! :))
*
' A magia da noite' ...
*
Votos de um excelente semana.
Beijo.

Valéria disse...

Poemas lindíssimos, do Silvio e o seu, amiga!!!
Viajei pelos versos, junto com vocês, cada qual de uma maneira, dois voos diferentes, adorei!
Grata pela partilha destas riquezas, amiga!
Beijinhos
Valéria

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